
TOWA AND THE GUARDIANS OF THE SACRED TREE chega com aquela aura agridoce que só um bom riff melódico consegue segurar. Além disso, desenvolvido pela Wright Flyer Studios, esse roguelike japonês não tenta esconder o jogo: ele entrega logo de cara uma jornada marcada por cooperação, escolhas e sacrifícios, emoldurada por uma vibe quase poética.
Para embalar esse review, deixo rodando nos fones “My Immortal” do Evanescence, faixa de 2003 no álbum Fallen. A canção fala sobre perda, despedida e a memória de quem já não está mais ao nosso lado. Portanto, é impossível não conectar esse peso com cada run em que vemos amigos se sacrificando pelo bem maior de Shinju. Como canta Amy Lee:
“When you cried, I’d wipe away all of your tears”
“Quando você chorava, eu enxugava todas as suas lágrimas.”
E é justamente nessa mistura de ternura e melancolia que mergulhei no mundo de Towa.
Ecos de uma vila marcada pela fé
O impacto cultural de Towa and the Guardians of the Sacred Tree vem justamente da forma como ele reposiciona o roguelike. Enquanto nomes como Hades ou Returnal exploram mistérios fragmentados, aqui temos uma narrativa clara e direta, com o vilarejo Shinju respirando vida em cada detalhe.
Não é só sobre combate; também é sobre como a corrupção de Magatsu transforma a paz em luto. Além disso, essa metáfora de perder pouco a pouco aquilo que você ama ecoa diretamente o refrão de My Immortal, lembrando que, mesmo sendo fortes, sempre há algo que nos escapa.

Duas espadas, uma só canção
A mecânica de Towa é um show à parte. De fato, o combate exige escolher sempre dois personagens, um Tsurugi (espadachim) e um Kagura (feiticeiro). É como segurar guitarra e bateria ao mesmo tempo: corpo a corpo pulsante e magia etérea segurando o ritmo.
Essa dualidade lembra um pouco The World Ends with You, mas, por outro lado, tem tempero próprio. O legal é que nenhum personagem fica preso a um arquétipo fixo; inclusive, até a guerreira frágil pode assumir a linha de frente, enquanto o brutamontes vira mago. Dessa forma, essa liberdade duplica as possibilidades de runs e faz o jogo soar sempre novo.
No fundo, cada partida é como uma nova versão da mesma música — o riff é o mesmo, mas o arranjo nunca se repete.

Quando a letra encontra a dor
O enredo de Towa vai fundo. Reunir oito guerreiros para enfrentar o deus Magatsu parece clichê; entretanto, logo percebemos que cada escolha pesa. A mecânica de sacrificar o Kagura em cada run é brutal, pois significa mandar um amigo direto para a morte, mesmo depois de tantas conversas, risadas e momentos casuais na vila.
É nesse instante que a voz de Amy Lee ecoa como pensamento de Towa:
“I’ve tried so hard to tell myself that you’re gone”
“Tentei tanto convencer a mim mesmo de que você se foi.”
Esse luto constante cria uma conexão emocional única. Além disso, a cada despedida, o jogo reforça que a verdadeira aleatoriedade não está nos buffs, mas na incerteza de quem vai restar ao seu lado na próxima batalha.

Pintando o cenário com notas suaves
Visualmente, o jogo mistura arte pitoresca de JRPG com ambientações mágicas e melancólicas. O estilo gráfico pode não ser o mais revolucionário; no entanto, brilha nos detalhes: vilas cheias de vida, inimigos corroídos pelo miasma, e armas que carregam personalidade na forja e customização.

A direção de arte tem aquele charme de aquarela, com uma paleta que alterna entre cores vivas e tons soturnos. Já a trilha sonora se alinha bem: composições leves na vila e batidas tensas nas dungeons. Assim, é aqui que o eco de My Immortal mais vibra — não por estar presente, mas porque o clima sonoro emula essa mesma sensação de beleza e dor coexistindo.
Entre runs e despedidas
Além da campanha central, o game oferece modos e interações sociais que vão além do combate. Por exemplo, a vila de Shinju funciona praticamente como um hub emocional: conversar com aliados, forjar espadas em minigames e explorar upgrades cria laços que reforçam a dor de cada sacrifício.
É como curtir uma jam session entre amigos, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, alguém vai deixar o palco. Dessa forma, essa alternância entre o casual e o trágico é o que mantém a chama do jogo acesa.

Últimos acordes em Shinju
Assim como My Immortal, Towa and the Guardians nos lembra que certas presenças nunca saem de verdade da nossa vida — elas apenas ecoam em nossas memórias. Entre risadas na vila e lágrimas nos sacrifícios, o jogo reafirma que a dor e o amor podem coexistir na mesma canção.
Afinações perfeitas e notas fora do tom
Afinações perfeitas (positivos):
- Narrativa clara e emocional, diferente de roguelikes que escondem a trama.
- Sistema de personagens flexível, ampliando as combinações de combate.
- Vila viva e interativa, com diálogos que mudam a cada formação de equipe.
- Sacrifício do Kagura cria impacto emocional raro no gênero.
Notas fora do tom (negativos):
- Combate pode soar simples demais para quem busca profundidade mecânica.
- Muitas camadas de sistemas e upgrades podem confundir iniciantes.
- Falta de localização em português atrapalha a imersão de parte do público.
Nota final: 8,5/10 🎵
Towa and the Guardians of the Sacred Tree não reinventa o roguelike, mas emociona como poucos. Ele mistura runs rápidas com um enredo que martela o coração, lembrando que cada vitória tem um custo. Além disso, a simplicidade do combate é compensada pela força da narrativa e pelo vínculo com os personagens.
No fim, a experiência soa como a própria canção do Evanescence: linda, dolorosa e inesquecível.
🌸 Quer sentir o peso agridoce de cada escolha?
Os primeiros 30 minutos de Towa and the Guardians of the Sacred Tree já estão no canal, mostrando como cada run mistura cooperação, narrativa clara e o sacrifício inevitável em Shinju.
👉 Dá o play no YouTube do Rockverse Play e confere a primeira meia hora dessa experiência melódica e melancólica, onde cada passo ecoa como um refrão de My Immortal.
Informações sobre a análise
- Plataforma usada para análise: Nintendo Switch
- Versão testada: Switch digital
- Condições do teste: rodando estável em 30fps
- Chave cedida gentilmente pela Bandai Namco
- Disponível em: Nintendo Switch, PS5, Xbox Series, PC
- Data de lançamento: 19 de setembro de 2025
- Desenvolvedora: Wright Flyer Studios
- Publicadora: Bandai Namco
- Idiomas disponíveis (textos e dublagem): Japonês (dublagem), Inglês (dublagem), Francês, Alemão, Italiano, Espanhol, Coreano, Chinês Tradicional e Simplificado
- Legenda em português do Brasil: não disponível
- Estilo/gênero: Roguelike / Action RPG
- Número de jogadores: 1 (single-player)