
Cyberpunk 2077 redenção total é uma ideia que parecia inalcançável no final de 2020. Mas a CD PROJEKT RED, direto da Polônia, com uma bagagem de ousadia narrativa desde The Witcher, mostrou que sabe apanhar, levantar, e ainda cuspir na cara do fracasso. Com coragem criativa e uma conexão emocional evidente com o universo de Night City, os poloneses mergulharam fundo numa jornada de redenção que redefine o jogo e a si mesmos.
E pra embalar essa descida aos infernos cromados e corpos plugados, nenhuma trilha poderia ser mais suja e sincera que “Closer” do Nine Inch Nails, do álbum The Downward Spiral (1994). A faixa é um hino de decadência, prazer, dor e perda de identidade. Um grito de desejo e repulsa ao mesmo tempo, refletindo cada esquina da distópica Night City.
“I hurt myself today to see if I still feel” “Eu me machuco hoje pra ver se ainda consigo sentir“
Onde a dor vira performance: o grito sujo de um novo futuro
Cyberpunk 2077 redenção total vai além de corrigir bugs. Ele transforma cicatrizes em tatuagens. A atualização 2.0 e a expansão Phantom Liberty entregam um novo jogo, mais próximo do que foi prometido em 2018. O peso cultural aqui é enorme: Night City, com sua atmosfera cyberpunk de concreto, neon e corpos retalhados, permanece como um dos universos mais vivos da história dos games.
Como um disco industrial em vinil rachado, a cidade ecoa angústia, prazer e um constante conflito entre identidade e controle.
“Help me get away from myself” “Me ajude a fugir de mim mesmo“
Cyberpunk 2077 não quer agradar. Ele quer marcar. E agora consegue.

Implantes, builds e tiroteios: o ritmo que finalmente encaixa
A jogabilidade foi desconstruída e reconstruída como um riff bem encaixado após uma virada de bateria. Sistema de perks redesenhado, combate fluido, builds que realmente mudam o estilo de jogo: tudo pulsa com peso e presença. A movimentação é responsiva, o tiroteio empolga, e a IA inimiga deixou de ser decorativa.

O novo sistema de polícia ainda é limitado, mas ao menos reage de forma mais crível. O sistema financeiro interno, loot e craft foram balanceados. E a dublagem em português é decente o suficiente pra segurar a imersão da galera BR.

Em missões principais e atividades paralelas, o game se aproxima de Deus Ex na forma, mas flerta com GTA na anarquia. A trilha sonora original e licenciada é, sem exagero, de outro planeta. Cada tiroteio tem a pulsção de um show ao vivo. Cada fuga tem peso de clipe censurado.
“My whole existence is flawed” “Minha existência inteira é defeituosa“

Johnny, V e as feridas que a cidade não cicatriza
A narrativa continua sendo o centro nervoso do jogo. V, o protagonista condenado, e Johnny Silverhand, o fantasma niilista, vivem um dos relacionamentos mais doentios e intrigantes dos games. A analogia com “Closer” é clara: amor, destruição, simbiose tóxica.

A narrativa se contorce como uma espiral emocional, levando o jogador a questionar o que vale ser lembrado, o que é liberdade, e se a redenção existe sem perda. As escolhas são mais relevantes, os personagens secundários são melhores desenvolvidos, e o final de Phantom Liberty é um soco seco na cara.
“You let me violate you” “Você me deixou violar você“
O game transforma sacrifício em linguagem. Dor em narrativa.

Neon, sangue e ruídos: a beleza perturbadora da cidade
Visualmente, Cyberpunk 2077 nunca foi feio. Mas agora ele é lindo com intenção. A direção de arte afia cada esquina. Iluminações, texturas, efeitos de clima: tudo colabora pra criar um mundo opressor, sedutor, quase vivo. O visual não tenta ser realista. Ele quer ser memorável.

O motor REDengine entrega frames estáveis no PC e nova geração, mas ainda engasga em consoles base. A trilha sonora, misturando eletrônico experimental com rock industrial, soa como remix de Nine Inch Nails com Vangelis num beco sujo. Dublagens em diversas línguas têm qualidade variada, mas o sentimento passa.
“You bring me closer to God” “Você me leva mais perto de Deus“
Mas em Night City, deuses são construídos com cabos e ambição.

Afinações Perfeitas x Notas Fora do Tom
AFINAÇÕES PERFEITAS
- Narrativa adulta e impactante.
- Sistema de perks e builds reformulado com profundidade.
- Visual alucinante e atmosfera sonora agressiva.
- Expansão Phantom Liberty que entrega tudo que prometeram.
- Trilha sonora que parece sair de uma rave em marte.
NOTAS FORA DO TOM
- Performance ainda fraca nos consoles da antiga geração.
- Bugs e glitches persistem aqui e ali.
- Mundo continua com interatividade limitada.
- Sistema de polícia é melhor, mas ainda não convence.
Nota Final e Justificativa
Nota Rockverse Play: 10/10 – “Te destrói, mas tu vai querer mais”
redenção de Cyberpunk 2077 não é milagre. É trabalho, coragem e teimosia criativa. A CD PROJEKT RED reafinou cada parte da composição original, cortou os excessos, abraçou a sujeira e entregou um RPG visceral que sabe exatamente o que quer dizer — e diz com raiva, alma e estilo.
Mesmo com falhas técnicas pontuais, é um jogo que marca, gruda e transforma. Como um riff de industrial rock que fica na cabeça dias depois. Como um grito no meio da multidão.
Fim de show, corpo suado, glitch no coração
Cyberpunk 2077 redenção total não é só uma promessa cumprida. É uma demonstração de que arte interativa também sangra, apanha e levanta.
Como a letra de “Closer”, esse jogo te machuca, te transforma, e te faz dançar no caos.
Sobre a Análise:
Esta análise foi realizada com base na versão para PlayStation 5. A chave foi gentilmente cedida pela equipe da CD PROJEKT RED.
Disponível para: PC, PS5, Xbox Series X/S. (Versões antigas para PS4 e Xbox One continuam instáveis).
Data de lançamento original: Dezembro de 2020
Atualização 2.0 e Phantom Liberty: Setembro de 2023
Desenvolvedora/Publicadora: CD PROJEKT RED
Linguagens: Português, Inglês, Espanhol, Francês, Alemão, entre outras
Estilo/Gênero: RPG de ação, mundo aberto, cyberpunk
Número de jogadores: 1
Quer sentir o peso dessa distopia na pele?
A primeira hora de gameplay de Cyberpunk 2077 já tá no canal! Vem ver como a CD PROJEKT RED transforma Night City num palco barulhento, sujo e cheio de atitude — onde cada missão soa como riff industrial na cara da sociedade.
Dá o play no YouTube do Rockverse Play e sente o baque desse RPG que grita com estilo e destrói com alma.